Dom Angélico: Golpe ficará pela metade sem banimento político de Lula

“Para muitos o golpe ficará pela metade se não houver o banimento político de Lula. Isso é um desserviço à democracia”, declarou à Folha de S. Paulo Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenal que atualmente vive em São Paulo. O religioso comentou a condenação de Lula pelo Tribunal Regional Eleitoral da 4ª Região (TRF-4). Na opinião dele, não existem provas consistentes. “Nesse julgamento do Lula está havendo uma pressa que é uma coisa impressionante.”

Por Railídia Carvalho

Dom Angélico Sândalo Bernardino - Reprodução facebook do Grito dos Excluídos

Dom Angélico, que é amigo pessoal de Lula, vê interesses estrangeiros por trás da pressa na ação judicial contra Lula. “Aceleraram [a ação judicial] por quê? Quais são os interesses que estão por trás? Que existam interesses econômicos internacionais é evidente”, enfatizou. O bispo recomendou “um banho de isenção” e “um banho de ética” aos três poderes para que “estejam efetivamente a serviço da verdade e do bem comum. Isso que nós precisamos”.

Capitalismo liberal, o vilão da crise

“Em 1964 o golpe foi dado pelo poder econômico se valendo dos militares. Agora, o poder econômico usou o Parlamento e o Judiciário”, diz. “Em 1964 a desculpa era o perigo do comunismo, agora foi a crise e não sei o quê. Esse pessoal aí [poder econômico] cria crise e não reconhece realmente o vilão da crise que é o capitalismo liberal no mundo”, ressaltou Dom Angélico.

Antes do julgamento de Lula, o bispo havia feito críticas ao golpe parlamentar ocorrido no Brasil. As declarações de Dom Angélico aconteceram durante a missa de celebração dos 85 anos do religioso, completados neste mês. Na ocasião, o religioso criticou a reforma trabalhista e falou da ameaça que é a reforma da Previdência. Segundo ele, os efeitos do golpe é o capital que quer “continuar dominando em cima da classe trabalhadora”.

Dom Angélico alertou: “É importante que a gente abra os olhos. Estão querendo vender o Brasil para os interesses de grandes indústrias estrangeiras”.