Reforma trabalhista e redução do Fies: Faculdades preparam demissões

O clima entre os trabalhadores de instituições de ensino superior, após a demissão de 1.200 professores anunciada pela Estácio no início deste mês, é de muita preocupação com a expectativa de cortes em outras instituições de ensino superior.

Universidade Estácio de Sá - Divulgação

De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo deste domingo (16), a Metodista mandou embora cerca de 50 professores, conforme cálculos do Sinpro-ABC (sindicato do ABC), que relata atrasos nos salários e no 13° desde 2015.

A Cásper Líbero, uma das maus renomadas instituições de comunicação, foram desligados 13 docentes.

O Mackenzie anunciará perto de cem demissões, segundo a instituição, por conta da implementação de novos projetos pedagógicos "cujas matrizes curriculares foram atualizadas para vigorar a partir do primeiro semestre de 2018".

A Laureate, dona da Anhembi Morumbi e da FMU, tem reunião marcada com o sindicato dos trabalhadores na terça (19), /segundo o Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo), Celso Napolitano, "o que eles estão garantindo é que farão o mínimo possível de demissões e de estrago na remuneração dos professores".

De acordo com a Laureate, a Anhembi Morumbi altera o quadro de docentes no encerramento de cada semestre letivo em razão de um "ciclo natural do segmento".

"As instituições alegam que é a crise, mas a gente pensa que é a reforma trabalhista", diz José Maggio, presidente do Sinpro ABC, ao jornal.

"Estão aproveitando a nova lei. Não acredito que vão usar o trabalho intermitente. Acho que o objetivo é trocar quem ganha mais por outros que ganhem menos ou reduzir carga horária para cortar custos", afirma Napolitano.

Para Silvia Barbara, diretora do Sinpro-SP (sindicato de São Paulo), as demissões são resultado da redução do Fies e ao avanço do ensino a distância. "As instituições tiveram um ciclo de expansão grande devido ao financiamento público, em especial desde 2010. Após 2014, os financiamentos ficaram mais restritos, e as instituições estão buscando manter suas margens de lucro", afirma Barbara.