Manuela: Unir trabalhadores e trabalhadores por um projeto para o país

A pré-candidata do PCdoB à presidência da República, Manuela D’Ávila afirmou nesta sexta-feira (15), em São Paulo, que é possível sonhar com um país que retome o investimento e garanta a geração de emprego no Brasil. A declaração foi na plenária nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) que reuniu dirigentes de diversos segmentos e estados. “Em 2018 nós temos a obrigação de falar com trabalhadores e trabalhadoras sobre o futuro”, disse Manuela.

Por Railídia Carvalho

Manuela Davila na reuniao da executiva da CTB dezembro 2017 - Railidia Carvalho

Na opinião da pré-candidata, é preciso construir uma frente que compreenda a necessidade de construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento com ampla participação dos trabalhadores. “Mais que falar eu vim aqui, Adilson (presidente nacional da CTB), pedir o apoio da CTB. Não à minha pré-candidatura como poderia parecer mas eu vim pedir o apoio de vocês para que a gente possa construir conjuntamente o nosso projeto nacional de desenvolvimento”, declarou Manuela.

Ela enfatizou que falar sobre o futuro não significa abrir mão da denúncia do golpe. “Nós temos que falar sobre o passado sempre mas se nós ficarmos presos no passado nós não disputaremos o medo real que as trabalhadoras e os trabalhadores tem com a incerteza gerada pela crise. Nós estamos lidando com um povo que vive as piores inseguranças causadas pela crise econômica”, lembrou citando a reforma trabalhista e a Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os gastos com saúde e educação.

“Quem mais sofre a consequência do golpe é a classe trabalhadora, que sofre o drama do desemprego que sofre o drama da poda dos direitos sociais e trabalhistas, portanto, dialogar em torno de um projeto de nação que destine centralidade e atenção especial à valorização do trabalho está em sintonia com os princípios fundantes da nossa central”, analisou Adilson Araújo, presidente da CTB.

Metalúrgicos, trabalhadores da educação, setor público, petróleo e gás, trabalhadores rurais foram alguns dos setores presentes à reunião. “Temos aqui uma base social representada que poderá contribuir muito para o diálogo para a construção de um projeto nacional para o país. Agora cabe a nós potencializarmos esse canal inaugurado”, comentou Adilson. Segundo ele, a CTB vai promover o diálogo com pré-candidaturas que demonstrem compromisso com a agenda de defesa dos direitos da classe trabalhadora.

Protagonismo dos trabalhadores

Manuela propôs uma parceria entre a CTB e a pré-candidatura do PCdoB para aprofundar a reflexão sobre os efeitos das medidas pós-golpe na população brasileira. “Qual é o desespero da mulher brasileira que tem a emenda constitucional 95, a emenda da maldade, que hoje (sexta-feira) completa um ano, que corta os investimentos em política social, e também a reforma trabalhista diante do futuro? É a insegurança, é o medo”.

Na opinião da pré-candidata, é preciso “disputarmos essas mulheres e esses homens para o futuro para um projeto de país para a ideia de que há a necessidade de o Estado ter, sim, papel na retomada do crescimento econômico que nós já tivemos”. Manuela lembrou que em 2013 20% do investimento feito no país veio de verbas públicas.

Conhecimento de causa

Celina Arêas e Mônica Custódio, respectivamente, secretárias da mulher trabalhadora e da igualdade racial da CTB, afirmaram à reportagem do Portal Vermelho que Manuela tem conhecimento de causa, especialmente quando se dirige aos direitos das mulheres. “As eleições 2018 ganham com a presença da pré-candidatura da Manuela, que passou a vida parlamentar com a responsabilidade de discutir políticas para as mulheres. Ela quer ouvir a classe trabalhadora especialmente as mulheres que são as mais atingidas pelo golpe”, analisou Celina.

Mônica concorda com Celina e afirma que a pré-candidatura da Manuela traz "o novo" para as mulheres. “Ela tem o sentimento de uma mulher jovem, mãe, ela sabe do que estamos falando, nós mulheres trabalhadoras. Enquanto parlamentar ela tem também o entendimento do que significa, do que é ser mulher em uma sociedade onde somos maioria na população mas somos irrisórias para a economia, política e contexto histórico. Ela defende uma transformação social que não é para as mulheres mas para a sociedade”.

PSDB: Continuidade da política de Temer 

Manuela lembrou que são exatamente as mulheres as principais vítimas da crise econômica. “A diminuição do Estado é absolutamente lesiva para todos os trabalhadores mas ela ainda é mais cruel com as mulheres”, enfatizou. Ela fez críticas a candidatos que insistem no atual modelo econômico do governo Temer como a saída para a crise. Ela lembrou que o discurso do possível pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, é de continuidade da política em vigência. “Para eles o caminho para sair da crise é a destruição dos direitos sociais, a destruição do Brasil, a venda do Brasil para outras nações, a isenção de tributos para as petroleiras de outros países e o nosso trabalhador se ferrando. Essa é a equação deles para superar a crise”, apontou.

“E qual a nossa equação para superar a crise? Como podemos garantir a retomada do crescimento econômico com uma visão que privilegie os trabalhadores e as trabalhadoras, os nossos direitos sociais. Então isso que eu vim falar para vocês”, disse Manuela. Ela detalhou que o debate que a pré-candidatura propõe passa pela reflexão sobre os efeitos das medidas de Michel Temer e a defesa de um referendum revogatório da reforma trabalhista e Emenda Constitucional 95.

Revogar medidas de Temer

João Paulo Ribeiro, o JP, secretário de trabalhadores do setor público da CTB, considerou fundamental a posição de Manuela ao defender a revogação da EC 95. “É fundamental a revogação da Emenda 95 porque ela quer dizer o engessamento e o não investimento nem na contratação de novos servidores nem no desenvolvimento das políticas públicas no país. O fato de uma pré-candidatura assumir uma revogação de uma questão que engessa o desenvolvimento eu acho que é fundamental”, declarou JP.

Manuela também destacou a necessidade do debate sobre o papel da indústria brasileira e quais medidas precisam ser revertidas. “Eu falei da reforma trabalhista e da emenda constitucional 95 mas tem outras como (a que altera) a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que tem relação direta com a indústria nacional e com a perda dos empregos de qualidade aqui no nosso país”, acrescentou a pré-candidata.

Reindustrialização: interesse nacional

O presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Marcelino da Rocha, lembrou que a pauta da reindustrialização deve ser levada pelos trabalhadores do setor a todas as pré-candidaturas como pauta de interesse nacional. “A indústria é um setor que em qualquer economia, de qualquer pais no mundo o Estado tem papel fundamental na potencialização e recuperação do pólo industrial como elemento para o desenvolvimento, geração de emprego e distribuição de renda. Vejo como fundamental a Manuela incluir esse tema no programa para o Brasil”.

Como subsídio para o debate da reindustrialização, a Fitmetal promoveu em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) um conjunto de debates em 10 estados com o tema “Indústria e Desenvolvimento”. Entre os participantes estiveram especialistas no tema, representantes de universidades, empresas e entidades de trabalhadores. O conteúdo será sistematizado no próximo ano pela Fitmetal para oferecer elementos para o debate sobre o papel da indústria no país.