Bolívia defende atacar causas estruturais da mudança climática

O presidente de Bolívia, Evo Morales, defendeu nessa quarta-feira (13), na França, o ataque às causas estruturais da mudança climática, durante sua participação na cúpula internacional One Planet; após apresentar soluções para preservar de fato o meio-ambiente, Evo defendeu que "não se pode responder com mais capitalismo a uma crise provocada pelo capitalismo"

Evo em conferência sobre o clima

O chefe de Estado sustentou que as mudanças climáticas estão relacionadas com um sistema de produção que não se desenvolve em harmonia com a natureza, assim torna-se necessário transformar padrões de vida e consumo, com o fim de garantir um equilíbrio com o meio ambiente.

"O tempo está acabando", alertou o mandatário em conferência de imprensa e recordou que dois anos após a assinatura do Acordo Paris, a comunidade internacional se reúne para discutir outra vez temas como o financiamento, que se encontra estancado enquanto os países desenvolvidos seguem infringindo seus compromissos de contribuir com fundos.

Ainda que Morales considerasse o financiamento como um tema fundamental, expressou sua preocupação diante da possibilidade de que o dever se transfira ao setor privado, que é a base do capitalismo.

Segundo o presidente, "não se pode responder com mais capitalismo a uma crise provocada pelo capitalismo", e alertou que a privatização dessa responsabilidade teria consequências irreversíveis.

O chefe de Estado apresentou 10 propostas de seu país para avançar na questão climática, que incluem reconhecer e respeitar os direitos da Mãe Terra, criar o tribunal de justiça climática com caráter vinculante para processar aos responsáveis pelos danos ao meio ambiente, e reconhecer e saldar a dívida climática histórica dos países industrializados.

Morales também sugeriu reconhecer os serviços básicos como um direito humano, redirecionar os recursos atualmente destinados à guerra à luta contra a mudança climática, construir uma nova ordem econômica mundial com relações baseadas na complementaridade e a solidariedade, e reconhecer o direito dos povos a aceder aos avanços da ciência e a tecnologia.

Por último, propôs recuperar os saberes ancestrais das comunidades indígenas para aprender a viver em harmonia com a natureza; promover novos padrões de produção, consumo e desenvolvimento, e defender o multilateralismo como uma ferramenta para essa luta.

O presidente boliviano sublinhou a importância de One Planet, que considerou uma cúpula pela vida e pela humanidade, e agradeceu ao presidente francês, Emmanuel Macron, pelo esforço realizado para a convocação e organização do conclave.

Na terça-feira (12) reuniram-se na França chefes de Estado e Governo, ministros, e representantes de 127 nações, com o objetivo de impulsionar ações concretas para a aplicação do Acordo de Paris.