CTB defende em pré-evento do FSM tecnologia aliada a trabalho decente

Dirigentes da CTB participaram, na manhã desta quarta-feira (18), de uma mem mesa-redonda, que integra o seminário preparatório do Fórum Social Mundial 2018, no campus da UFBA, em Ondina. O debate girou em torno das novas tecnologias e seus impactos no mundo do trabalho nos próximos anos.

Nivaldo Santana, relações internacionais da CTB - Reprodução do Portal CTB

Além da presença do secretário de Relações Internacionais da CTB, Nivaldo Santana, a mesa ‘A Quarta Revolução Industrial e a Precarização do Trabalho: sobre os impactos da indústria 4.0’, contou com o professor da Unicamp, Anselmo Santos, do dirigente sindical do Marrocos, Abdelkader Zraih, do secretário de Relações Internacionais da CTB-BA, Aurino Pedreira, da secretária de Formação da CTB-Bahia, Inalba Fontenelle, e de representantes da CUT-BA.

Para Nivaldo Santanta, o debate toca em um dos temas mais importantes da agenda mundial, diretamente relacionado ao futuro da humanidade. De acordo com ele, duas questões são fundamentais: a primeira é a de que o Brasil, país de grandes proporções territorial e populacional, precisa estar na vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico, “para não perder o bonde da história”. E segundo, que as alterações trazidas pelos avanços tecnológicos não podem gerar desemprego e precarização do trabalho.

“Frente a esse quadro de mudanças, é necessário uma ação organizada dos sindicatos e forças políticas progressistas para compatibilizar inovação tecnológica com desenvolvimento humano, de maneira que a tecnologia não sirva para o empobrecimento da imensa maioria e o enriquecimento de apenas alguns poucos”, afirmou Santana.

O professor Anselmo Santos chamou a atenção para o fato de que o capitalismo não tem, em suas bases e lógica, qualquer compromisso com a humanidade, o meio ambiente ou o planeta. Para ele, é necessário que os trabalhadores e trabalhadoras estejam sempre se organizando e lutem por condições socioeconômicas mais equilibradas e por direitos que freiem a avidez capitalista por lucro.

Abdelkader Zraih, do Fórum Marroquino de Alternativas, pontuou a importância de se construir caminhos alternativos para o enfrentamento tanto da ofensiva capitalista quanto dos avanços tecnológicos e seus impactos negativos no mundo do trabalho, sendo o Fórum Social Mundial uma excelente alternativa para essa construção.

Aurino Pedreira, que atuou como mediador, explicou que a intenção da mesa-redonda é provocar reflexões sobre esse futuro próximo, no qual as relações de trabalho serão alteradas pela especialização tecnológica. “Precisamos refletir nas inversões desse novo momento. Antes, as máquinas faziam o trabalho que os homens não podiam fazer. Em um futuro bem próximo, os homens farão o trabalho que as máquinas não poderão fazer. Isso é muito sério”.

Inalba Fontenelle destacou a importância da mulher não apenas nas atividades sindicais, mas na própria luta social. Para ela, qualquer grande mudança vivida hoje na sociedade, terá a participação, a avaliação e a inserção das mulheres, que “cada vez mais, têm deixado o espaço do privado, para fazer a luta social, para lutar pela transformação da sociedade”.

Além dos presentes à mesa, vários dirigentes sindicais prestigiaram o debate, como o presidente da CTB-BA, Pascoal Carneiro; os diretores Ailton Araújo, Silvio Pinheiro e Flora Briosche; o presidente recém-eleito do PCdoB Salvador, Everaldo Augusto (Sindicato dos Bancários da Bahia), entre outros.

A mesa redonda é uma prévia da série de debates que acontecerão em Salvador, em março do ano que vem, durante o FSM 2018. Representante da CTB na organização e facilitação do fórum, Flora Briosche acredita que o evento é uma importante oportunidade para dar visibilidade aos inúmeros e plurais sujeitos que têm protagonizado a resistência anticapitalista, anti-imperialista e anti-opressão.

O papel das centrais sindicais tem sido colocar o mundo do trabalho no centro do debate. “A viabilidade e utilidade do FSM, neste momento do país, é imprescindível, quando estão em risco não apenas as políticas sociais, mas a própria democracia. O FSM não deve ser apenas um simples fórum de discussão, mas um espaço de tomada de decisão, com encaminhamentos e orientações concretas”, comentou.