As Farc vão se tornar partido político já para as próximas eleições

Começa no próximo domingo (27) o Congresso das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) para fazer a transição de guerrilha a partido político. Às vésperas do evento, a organização consulta a população colombiana para escolher o nome da nova sigla.

Por Mariana Serafini

Farc - congresso - Divulgação / Farc

Depois de 50 anos de guerra, as Farc conquistaram o direito de entrar no restrito jogo político da Colômbia. Isso porque, há décadas, as disputas acontecem basicamente entre os Liberais e os Conservadores e agora, a guerrilha abandona as armas para virar, oficialmente, um partido político.

Esta foi uma das conquistas obtidas através do Acordo de Paz, firmado com o governo colombiano no final de 2016. “Deixamos de lado os fuzis porque agora contamos com uma arma poderosíssima e saberemos valorizá-la, o Acordo Final”, disse um dos membros do alto comando das Farc, Gabriel Ángel.

O comandante em chefe das Farc, Timoelón Jimenez, propôs uma consulta popular para escolher o nome do novo partido. Entre as opções estão: “Nova Colômbia”, “Esperança do Povo”, “Farc-EP” e “Novo Partido”.

Durante o congresso, que acontecerá entre os dias 27 de agosto de 1º de setembro em Bogotá, capital colombiana, as Farc vão decidir além do nome, o programa político e os candidatos que participarão já da primeira campanha eleitoral, em 2018.

Pra Gabriel, trata-se de um novo capítulo da história da guerrilha que escolheu a palavra como principal arma de transformação do mundo. “Vamos convidar o povo à vida e à alegria. Este é o propósito do novo partido. A morte e o terror pertencem aos nossos adversários. Cada vez que mancharem suas mãos com sangue, cada vez que violentarem ou oprimirem, o repúdio deve ser geral. Com o tempo, descobrirmos que a opção para o nosso país é a convivência pacífica e a decência”, disse.

Segundo ele, ao longo destes 50 anos de guerra, “o paramilitarismo gozou de todas as liberdades estatais para banhar em sangue o país e facilitar a apropriação de terras por parte dos empresários, latifundiários e inclusive companhias estrangeiras”. Frente a isso, a guerrilha protegeu os camponeses, abriu fronteiras agrárias na Colômbia e defendeu a soberania. Agora esta luta continua, mas pela via democrática.