Sindicalistas: Cortar em vez de investir vai trazer colapso ao país

Dirigentes da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central Única dos Trabalhadores (CUT) declararam ao portal Vermelho que o novo ajuste anunciado pelo presidente Michel Temer para “equilibrar contas públicas” vai resultar em um colapso no país. Para os sindicalistas, o caminho deveria ser a retomada dos investimentos para estimular a geração de emprego.

Por Railídia Carvalho

Desemprego setor naval - Reprodução

Nesta semana, o governo anunciou o aumento do déficit da meta fiscal para R$ 159 bilhões e junto um pacote de corte de gastos que, segundo os dirigentes, vai agravar a recessão, o desemprego e retardar a retomada do crescimento.

Dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (17), mostram que o segundo trimestre do ano registrou 26,3 milhões de desempregados considerando os trabalhadores efetivamente desempregados, aqueles subocupados (trabalhando menos horas) e parte da força de trabalho potencial (que não estão procurando emprego).

Política econômica fracassada

“O desmonte do Estado coloca o pais em uma situação de rendição sem solução à altura. Podemos sofrer um colapso. Sem emprego, sem renda, sem consumo pode gerar uma quebradeira”, afirmou Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Na opinião do dirigente, a economia precisa adotar um novo curso. “Mas o Meirelles (Henrique Meirelles, ministro da Fazenda) não está disposto. Está aumentando o déficit, aumentando imposto e tem o desplante de dizer que o Brasil vai seguir no Vermelho. É uma política econômica fracassada mas que atende aos interesses da banca rentista. O governo quer fazer caixa para não se indispor com o mercado”, analisou Adilson..

Em entrevista a Rádio Unicamp, o economista Pedro Rossi chamou de “pífios” os resultados da equipe econômica de Michel Temer. “São pífios tanto em termos de crescimento e de emprego quando nas variáveis fiscais, que é o que foi anunciado nessa semana”.

Rossi afirmou que o Brasil está em um ciclo vicioso de austeridade em que o corte aprofunda a crise, gera baixo crescimento, o que faz cair a arrecadação e aumentar o rombo fiscal.

Combater a desindustrialização

“É preciso reverter isso. Estamos vivendo a maior crise da história brasileira e o governo não fala em um plano para acelerar o crescimento, um plano de emprego e nem em mecanismo para isso acontecer”.

Na opinião de Adilson, a retomada do crescimento deve estar atrelada a uma política de reindustrialização do país. “A desindustrialização (perda da participação da indústria na produção nacional) é um drama. Precisa destinar centralidade a esse tema. O país não vai encontrar o prumo para a retomada do crescimento nos patamares que se encontra a indústria nacional hoje”, defendeu.

“No ciclo mudancista o Brasil investiu em obras de infra-estrutura, inaugurou um conjunto de empreendimentos que gerou emprego e renda. È preciso investir mais na produção nacional, melhorar a concorrência para que o Brasil reassuma o protagonismo que alcançou nos último período”, argumentou Adilson.

Estado fomentador de políticas

“Se a iniciativa privada não investe por causa da crise e se o Estado para de investir o que pode resultar? Virar uma barbárie”, afirmou Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT. Disse que a insistência na atual política econômica vai fazer retornar os saques no nordeste, agravar a situação de quebra de empresas nas grandes cidades e o aumento de moradores de rua.

Segundo ele, a falta de investimentos do governo federal retrai o investimento em diversos municípios. “Se mesmo um município como São Paulo precisa de ajuda da União para promover políticas imagine alguns municípios do interior e de regiões do nordeste. Investimento em política social é feito em parceria com a União. O ajuste é um crime contra o povo”, ressaltou Sérgio.

A revisão da meta fiscal e o pacote de medidas de ajuste de Temer precisam passar pela aprovação do Congresso Nacional para entrar em vigor.