Pedro Rossi: É “perversidade extrema” mídia apoiar ajuste de Temer

O economista Pedro Rossi afirmou em entrevista para a rádio Unicamp que é falsa a tese defendida pela grande mídia de que é preciso continuar o corte de gastos de despesas obrigatórias, que seriam saúde e educação. Ele considerou “perversidade extrema” a posição da mídia brasileira em geral apontando para mais arrocho nessas áreas que atendem a maioria da população. O tema da entrevista foi o novo ajuste fiscal anunciado por Temer para “equilibrar as contas públicas”.

Pedro Rossi

Rossi enfatizou que o rombo de R$ 159 bilhões é prova de que a política de cortes tem aprofundado a crise no Brasil e que o país precisa de uma agenda de emprego e crescimento para ajustar contas. 

Na terça-feira (15), Temer anunciou um pacote de ajuste que atinge trabalhadores do serviço público federal: as medidas impedem reajuste previsto em lei, dificultam o acesso do trabalhador a melhor remuneração e corta benefícios.

“Cortar gasto com pessoal, gente, o pessoal acha que tá cortando o salário do político e do assessor do político mas tá cortando também do professor da escola, do policial rodoviário. Cortar gastos correntes é a merenda que deixa de ter uma fruta, um sanduiche. Passa a ser só um biscoito, uma bolacha dependendo de que estado você está falando”, explicou Rossi.

Ele apontou para uma tragédia iminente se o atual governo conseguir consolidar a política de ajuste sacrificando o gasto social. As medidas anunciadas por Temer devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional para serem implementadas.

Fim da proteção social

Rossi explicou que desde 1988 o gasto social vem sendo financiado pelos segmentos mais necessitados, de quem é cobrado proporcionalmente mais impostos, que é o que financia essa proteção social. “O governo dá com uma mão e tira com a outra”, explicou.

“O governo quer reformar hoje o Estado brasileiro de forma a reduzir o gasto social. É como se continuasse tirando com uma mão mas vai deixar de passar para os mais pobres com a outra mão. A ideia de que nós temos que nos sacrificar geralmente aponta para um determinado grupo social que são os mais pobres”, completou.

O economista projeta o agravamento do cenário de deterioração do serviço público, aumento da população de rua, aumento do desemprego e da violência urbana.

“Esse arrocho fiscal está consolidando privilégios e retirando direitos. Deteriorando o bem-estar social da população. Essa equipe econômica é o dream team dos privilegiados porque tem apontado sempre nessa direção, não há discussão alternativa como se não houvesse alternativa e na verdade há muita alternativa. O que deveria ser feito é uma agenda de emprego e crescimento. Só com crescimento é possível ajustar as contas públicas”, enfatizou Rossi.

Confira na íntegra a entrevista de Pedro Rossi: