Nem os aliados dos EUA apoiam intervenção militar na Venezuela

Desde que o presidente Donald Trump declarou, na última sexta-feira (11) que “não dispensa” a possibilidade de intervenção militar na Venezuela, o clima esquentou na América Latina. A questão é que, nem os países aliados aos interesses norte-americanos – que tem ajudado na desestabilização de Nicolás Maduro – concordaram ou se mostraram dispostos a sustentar esta afirmação.

Maurício Macri e Mike Pence - Divulgação

Na Venezuela, a população também rechaçou a declaração do presidente norte-americano. De acordo com um estudo de opinião feito pela empresa Hinterlaces, 86% dos venezuelanos rejeitam uma intervenção militar estrangeira e 76% rejeitam qualquer tipo de intervenção estrangeira no país.

Diante das ofensivas dos países latinos que, imediatamente após a declaração, se pronunciaram contrários à uma intervenção, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, recorreu aos aliados, ao afirmar que estes não ficariam “de braços cruzados”, mas não teve boa recepção.

Um dos primeiros a se pronunciar contrário a uma intervenção no continente foi o presidente da Argentina, Maurício Macri, que é bastante alinhado aos interesses norte-americanos. Em seguida, todos os demais países do Mercosul – Brasil, Paraguai e Uruguai – também rejeitaram a possibilidade. Bolívia, Chile, Equador, México e Peru, da mesma forma, não titubearam em se pronunciar contrários a Trump.

O diplomata boliviano Fernando Huanacuni, chegou a dizer que “se quisermos ajudar, devemos respeitar o processo democrático iniciado na Venezuela”, em referência à eleição da Assembleia Nacional Constituinte, que classificou como o “melhor formato” para um diálogo nacional em toda a sociedade.

O jornalista Gregory Wilpert, especialista em Venezuela, afirmou que o real interesse norte-americano em fomentar uma guerra civil no país latino para justificar uma intervenção militar é o petróleo. “Os EUA recebem cerca de 10% do seu abastecimento de petróleo”, observa. Ele acredita que a proibição de exportação do petróleo venezuelano para os EUA poderia fortalecer os laços econômicos com a Rússia e a China.