Para Vanessa, alteração da meta fiscal confirma o fracasso do golpe

Em discurso na tribuna nesta quarta-feira (16), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) rechaçou o anúncio do governo de Michel Temer de mudança da meta fiscal, de R$ 139 bilhões, anteriormente estimada, para R$ 159 bilhões.

Vanessa Grazziotin - Agência Senado

“Ao lado dessa questão da mudança da meta, estão também medidas que, infelizmente, mais uma vez, atingem, profundamente e unicamente, os trabalhadores brasileiros, o povo mais simples do nosso país, os assalariados, como se fossem essas pessoas as responsáveis pela crise econômica”, afirmou a senadora.

Segundo Vanessa, a equipe econômica de Temer assumiu o seu fracasso na condução da economia. “A máscara caiu após o discurso fácil de que a retirada da presidenta Dilma seria a solução não só para a crise ética pela qual passa o país, mas também a solução para a grave e profunda crise econômica”, enfatizou.

Ela destacou que o governo vive uma crise ética, em que, mesmo com a queda de arrecadação, comprometeu R$14 bilhões para se manter no poder, “comprando votos de deputadas e de deputados, para não permitirem que fosse processado junto ao Supremo Tribunal Federal”.

Vanessa lembrou que, no dia 31 de agosto de 2016, a presidenta Dilma foi afastada sob a acusação “de ter realizado pedaladas fiscais”.

“O governo Temer, agora, assume a sua incompetência e a sua irresponsabilidade fiscal. E, mais do que isso, eles confirmam – Temer e todos os seus apoiadores confirmam –, na prática, que o que aconteceu, em 31 de agosto de 2016, nada mais foi do que um golpe contra uma presidenta democraticamente eleita, porque a desculpa que eles usavam era as pedaladas fiscais e a operacionalização de um plano chamado Plano Safra; e nada disso, nada, nenhuma dessas foram as razões efetivas e verdadeiras para promover o golpe”, frisou.

A senadora destacou que vários parlamentares que hoje integram a base aliada do governo ocuparam a tribuna para criticar o governo Dilma quando seu governo anunciava um deficit, para 2016, da ordem de R$124 bilhões. Ela resgatou ainda que para 2017, o deficit previsto pelo governo Dilma era de R$ 58 bilhões.

“Eles diziam que isso era uma loucura, que isso era um absurdo, que por isso Dilma deveria sair, porque eles tinham que governar sob a responsabilidade fiscal. E agora eles aparecem com a maior cara de pau dizendo que o deficit não vai mais ser de R$ 129 bilhões, mas de R$159 bilhões, ou seja, mais do que o dobro do que Dilma estava prevendo para este ano de 2017”, salientou.

E acrescenta: “E é assim na economia. Quando há problema na economia, frustração de arrecadação, não há problema de, temporariamente, se governar promovendo deficits, endividando e, no momento de recuperação econômica, pagar aquela dívida. Era assim que nós defendíamos, mas eles diziam: ‘Não. Só pode gastar menos do que arrecada’. Eu quero ver o que eles vão dizer agora”.

Redução do salário mínimo

Citando a proposta de redução do salário mínimo, a senadora classificou as medidas anunciadas pelo governo como “absurdas”.

“Aumentam o deficit e ainda propõem medidas absurdas. Acabaram de anunciar – e eu quero que o Brasil preste atenção –, a diminuição do valor do salário mínimo. Eu quero ver qual senador e senadora vai votar a diminuição do salário mínimo”, declarou.

E completa: “Ao lado disso, eles estão tentando colocar os trabalhadores da iniciativa privada contra os servidores públicos, porque estão aumentando a contribuição do servidor público, estão congelando reajuste aprovado em lei. E vão ter que mandar o projeto de lei para cá. Eu só quero ver os senadores desfazerem aquilo que fizeram”.