10 motivos para celebrar o Dia Internacional do Orgulho LGBT

O portal Paraiba.com.br enumerou nesta quarta-feira (28), data em que se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBT, 10 motivos para mostrar qual a importância desta data continuar sendo celebrada no Brasil e no mundo. O Portal Vermelho editou alguns trechos para publicar. Confira abaixo post escrito pelo blogueiro Fábio Pastorello sobre o universo LGBT e do combate ao preconceito. 

21ª Parada LGBT de São Paulo realizada no dia 18 de junho - Reprodução facebook

10 Motivos porque o Dia Internacional do Orgulho LGBT ainda é importante

1 – Gays vão para o inferno
Será que algum hétero foi convencido a ser gay, porque se você for hétero, vai para o inferno? Alguns religiosos ficam criando programas de conversão de héteros e também criam discursos em que os gays são uma aberração, são contra a natureza.
Ser gay é condenado e considerado pecado por várias religiões.
Por isso, quando uma voz como o Papa Francisco se ergue em favor dos gays, dizendo que os gays merecem um pedido de perdão por parte da Igreja Católica, a gente respira um pouco aliviado e acredita que ainda pode existir religião sem que haja intolerância ao diferente.
2 – Gays precisam ser curados
Já houve até discussão da nossa Comissão de Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados, para que os projetos de cura gay não sejam proibidos. Isso mesmo, existem psicológos e psiquiatras que ainda atuam tentando curar gays de sua homossexualidade.
Quando se fala em cura, o pressuposto é que haja uma doença. Por acaso ser hétero já foi considerado uma doença? Pois ainda existem pessoas que acreditam que homossexualidade é uma doença. São pessoas que vivem no passado.
Um dia, de fato, a homossexualidade foi considerada um distúrbio mental. Em 1973 (coincidentemente, ano de meu nascimento) a Associação Americana de Psiquiatria tirou as orientações sexuais de sua lista de transtornos mentais ou emocionais. Mas até 1990, a Organização Mundial de Saúde ainda tinha um CID – Código Internacional de Doenças para o homossexualismo. Finalmente a partir de 1990, o código foi retirado.
Além de ir na contramão do que a psiquiatria considera como um transtorno mental, o projeto de cura gay é inútil, como bem salienta Contargo Caligaris, colunista da Folha. O profissional de psicologia pode sim ajudar o paciente que não aceita ou não convive bem com sua homossexualidade.
“Sim, é possível curar o sofrimento de quem discorda de sua própria sexualidade (é a dita egodistonia), mas o alívio é no sentido de permitir que o indivíduo aceite sua sexualidade e pare de se condenar e de tentar se reprimir além da conta”. 
3 – Gays sofrem violência
Será que algum hétero foi espancado na rua porque estava beijando a sua namorada na rua? Ou simplesmente porque tinha trejeitos de hétero?
Há discursos, até mesmo entre os próprios gays, que a violência contra os homossexuais ocorre porque eles “deram pinta”, ou porque provavelmente paqueraram héteros. E voltamos para aquela velha questão de que a vítima não pode ser culpada.
A médica que foi assassinada no Rio de Janeiro não pode ser criticada porque estava andando de carro na Linha Vermelha.
Da mesma forma, o gay não pode ser condenado porque é afeminado, porque não foi discreto ou até mesmo porque eventualmente deu em cima de um homem. Criticar o gay que é vítima de violência ainda revela o preconceito impregnado na mentalidade das pessoas.
O Brasil é um dos países em que o índice de violência é mais alto. O Fantástico fez uma reportagem e cita que a cada 28 horas, um homossexual é morto de forma violenta no Brasil. Muitos desses ataques são motivados por fanáticos religiosos, infelizmente.
E o que dizer da tragédia em Orlando, nos Estados Unidos?
 
4 – Gays são discriminados nas próprias famílias
Quando eu resolvi contar para meus pais que era gay, meu pai desmaiou e minha mãe demorou cerca de 2 ou 3 anos para aceitar totalmente a história. Na cabeça deles, era como se o filho tivesse caído completamente no caminho da marginalidade.
Será que algum hétero foi expulso de casa ao contar para os pais a revelação de que sim, eu sou hétero pai!
Já foi dito que os negros, ainda que sofram preconceito fora de suas casas, nunca sofrerão dentro de sua própria família. Ainda terão no seio de seu lar, a presença de um pai ou de uma mãe negros, que lhe servem de espelho. Muitos gays cresceram, ou ainda crescem, sem poder sequer revelar QUEM SÃO dentro de suas próprias casas.
E alguns ainda correm o risco de ser expulsos de casa ao revelarem a homossexualidade.
5 – Gays sofrem nas escolas
Você se lembra de alguma criança hétero ser ridicularizada na escola, pelo fato de ser hétero? Seu heterozinho. Até acredito que hoje em dia o bullying às crianças gays é bem menor do que na minha época, quando no início de todo ano eu tinha que lidar com as piadas jocosas e a agressão psicólogica de vários colegas de classe.
Mas ainda existe o bullying e é realmente triste que o kit anti homofobia, que seria distribuído nas escolas, foi recolhido por pressão da bancada evangélica do Congresso, em 2013.
 
6 – Gays são odiados na internet
Quando o YouTube lança a campanha #ProudtoBe (ou #OrgulhodeSer) e convoca youtubers do mundo inteiro para manifestar seu orgulho de ser LGBT, o vídeo é amplamente atacado com discursos de ódio na internet.
O vídeo #ProudtoBe: Coming Together to Celebrate Identity, teve quase 9 milhões de visualizações. Mas o que assusta mesmo é a quantidade de dislikes que o vídeo recebeu, mais 245 mil. Os comentários eram tão odiosos e com tantas manifestações de ódio, que o YouTube teve que simplesmente desativar a caixa de comentários desse vídeo.
7 – Gays sofrem violência policial
Ficou famoso o dia 28 de junho de 1969, quando alguns policiais invadiram o pub Stonewall Inn, em Nova York, e provocaram a reação furiosa de um grupo de gays, lésbicas, transexuais e bissexuais. O confronto foi tão representativo que se transformou num marco da luta em favor dos direitos homossexuais.
Em 24 de junho de 2016, o presidente Barack Obama transformou o bar Stonewall num monumento nacional, o primeiro monumento norte-americano a homenagear as contribuições dos homossexuais aos Estados Unidos.
O mês de junho também ficou conhecido como o Mês do Orgulho LGBT e normalmente, vários destinos celebram através das Paradas Gays. Aqui em São Paulo a Parada aconteceu em maio, mas a de Nova York acontece no mês de junho mesmo, entre outros tantos destinos pelo mundo. 
8 – Gays não vendem
No dia 12 de junho de 2016, Dia dos Namorados, eu e Cleber fizemos um ensaio fotográfico bem romântico.
Nós tínhamos recebido o contato de um amigo fotográfo, o Landerson Viana que chegou a nós por intermédio do Viagens Cine.
Ele propôs um ensaio fotográfico de pré casamento gay e nós adoramos a ideia. A ideia do Landerson era justamente começar a trabalhar mais com casais gays.
Infelizmente, ainda existem profissionais que temem colocar produtos gays em seus portfólios com medo de preconceito. Na prospecção de profissionais para o nosso casamento, alguns afirmaram que já tinham participado de casamentos gays, mas temiam colocar isso em seus sites por medo de afastar casais héteros ou muito religiosos.
Pior para eles.
Não deixe de conferir o resultado no site do Landerson Viana, as fotos ficaram lindas.
E fica a nota triste. No mesmo dia do nosso ensaio, ocorreu o massacre horrível dos gays na boate Pulse, em Orlando. Triste demais.
9 – Gays são boicotados
É comum ouvirmos falar de boicotes a empresas que lançaram campanhas favoráveis aos gays, como foi o caso da Natura, do Boticário ou até mesmo da Globo, durante a novela Babilônia (que tinha um casal lésbico). E quem não conhece a novela que foi o primeiro beijo gay na TV Globo, né? Haja paciência.
Alguém já ouviu falar de uma campanha de boicote a algum comercial ou novela que teve a ousadia de mostrar um casal hétero?
Mas é possível falar de uma série de empresas que hoje se diferenciam por apoiar e se engajar em causas LGBT, e boicotar todas essas empresas daria um trabalho danado.
Isso porque o inventor do computador era gay. Vale a pena conferir o filme “O Jogo da Imitação”, de 2015. Então seria preciso boicotar os computadores.
E bora boicotar o Facebook, a Microsoft, a Apple e a Dell, empresas envolvidas no mercado de informática que também apoiam a causa gay. O Google e o YouTube, as maiores ferramentas de busca da Internet, também deveriam ser boicotadas. E para os consumistas, Gap, Nike e Coca-Cola também deveriam ser evitadas.
Os gays são até bem aceitos na Disney, viu?
Enfim, a lista é grande viu. Que bom, assim aumenta bastante o trabalho de quem resolver ainda boicotar empresas que estão do lado dos direitos iguais. Vale conferir a lista completa no site Lado Bi.
10 – Mas agora, gays podem casar 
Será que héteros alguma vez foram impedidos de constituir família, de casar com as pessoas que amam?
Não faz muito tempo que o casamento gay foi finalmente aprovado no Brasil. Foi em 16 de maio de 2015, que o Conselho Nacional de Justiça determinou que nenhum cartório do país pode “recusar a celebração de casamentos civis de casais do mesmo sexo ou deixar de converter em casamento a união estável homoafetiva, como estabelece a Resolução n. 175, de 14 de maio de 2013, aprovada durante a 169ª Sessão Plenária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”.
O documentário Vestidas de Noiva, das nossas amigas Fábia e Gabriela do blog Estrangeira, é um belo retrato de como funciona o casamento LGBT no Brasil e um pouco de sua história. Vale a pena assistir.
Por todos esses motivos, manifestar seu orgulho gay é uma forma de falar NÃO para todos esses discursos, e também ajudar as pessoas que ainda não se aceitam. Tem muita gente por aí que ainda nega sua homossexualidade, que ainda encontra dificuldades de se impor perante a sociedade.
E o Dia Internacional do Orgulho Gay ainda é muito importante e está aí, para que todas as nossas vozes sejam ouvidas. Com muito orgulho de ser quem a gente é.
Mas quem sabe um dia realmente ninguém mais precise levantar bandeiras e afirmar seu orgulho gay. Ainda estamos bem longe desse dia, infelizmente.