Uma visão heterodoxa dos problemas do desenvolvimento brasileiro

Em oito capítulos, as análises de 11 economistas buscam fazer uma radiografia da realidade econômica brasileira, abordando temas como desindustrialização, as políticas ortodoxas de combate à inflação e as altas taxas de juros.

Antonio Correa de Lacerda - Beatriz Arruda

Organizado por Antônio Correa de Lacerda, o livro “Desenvolvimento Brasileiro em Debate” busca discutir os atuais problemas da economia brasileira, sob uma ótica crítica, a partir de uma visão heterodoxa do problema, tentando entender os motivos que levaram o país à atual situação econômica.

O livro reflete parte das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Grupo de Pesquisa sobre Desenvolvimento Econômico e Política Econômica, do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FEA-PUC-SP) e do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política. Sua publicação contou com apoio do Plano de Incentivo a Pesquisa (PIPEq), da PUC-SP.

Organizado em oito capítulos que se completam, o objetivo é espelhar uma radiografia da realidade econômica brasileira a partir das pesquisas realizadas.

O primeiro capítulo, “A crise financeira internacional do subprime e seus impactos”, de André Paiva Ramos, analisa os principais fatores que resultaram na crise, seus desdobramentos em nível internacional e as principais medidas econômicas adotadas por alguns países para combater os impactos negativos dessa crise.

O segundo capítulo, “Desindustrialização abismo abaixo: dependência cambial e abandono das políticas de competitividade no Brasil”, escrito por Rodrigo Hisgail Nogueira, aborda políticas econômicas implementadas nos últimos anos no Brasil, com destaque para a política cambial, que levou à perda de competitividade comprometendo o potencial industrial brasileiro e gerando efeitos negativosna industrialização no país.

O terceiro capítulo, “Ortodoxia e desenvolvimento: inflação e mito”, elaborado por Rubens R. Sawaya trata, por meio de uma análise, com embasamento teórico, das políticas ortodoxas anti-inflacionárias como fator de impedimento a adoção tanto de estratégias de crescimento como de desenvolvimento.

O quarto capítulo, “O regime de metas de inflação: uma crítica a partir da visão heterodoxa”, escrito por André Luis Campedelli, aborda críticas estruturais do regime de metas de inflação com base na visão heterodoxa, partindo do embasamento teórico desse regime e de um breve histórico do caso brasileiro.

O quinto capítulo, “Altas taxas de juros reduzem a taxa de inflação? Revisitando Wicksell com uma perspectiva da economia clássica e estruturalista”, elaborado por Luiz de Moraes Niemeyer, aborda um estudo de como diferentes teorias econômicas analisam o impacto das taxas de juros no controle da inflação.

Na sequência, o sexto capítulo, “Brasil: a hora da verdade na busca do desenvolvimento”, escrito por Norma Cristina Brasil Casseb e por Marcia Flaire Pedroza, apresenta um breve histórico acerca da economia política industrial brasileira e aborda o debate atual sobre a estrutura produtiva brasileira e o processo de desindustrialização.

O sétimo capítulo, “Crise e ação externa: política externa e política econômica externa em debate”, de Joaquim C. Racy, propõe uma reflexão sobre a política externa brasileira, a partir da teoria de economia política internacional, visando à análise da ação externa recente do país e suas consequências e discutir as alternativas para a questão em pauta.

O oitavo e último capítulo, “Evolução do empenho inovativo das ETS no Brasil ao longo dos anos 2000”, elaborado por Liliane Cordeiro Barroso, por Lia Hasenclever e por Antônio Correa de Lacerda, objetiva identificar a contribuição do investimento direto externo (IED) para o desenvolvimento de atividades inovativas no Brasil.