Del Roio: Resistência dos trabalhadores barra avanço do golpe de Temer

A operação que derrubou Dilma e pôs Temer no poder foi derrotada. “O golpe foi derrotado, porque, embora marchem com uma agenda perigosa, eles não conseguiram se consolidar. O golpe é repudiado por toda população”, afirma o historiador José Luiz Del Roio, ex-senador na Itália e autor de mais de 20 livros.

José Luís del Roio

Entrevistado nesta quinta-feira (22) no programa Repórter Sindical na Web, apresentado na TV Agência Sindical pelo jornalista João Franzin, Del Roio destaca que essa derrota está expressa na ínfima aprovação de Temer que, apesar do suporte do capital e da grande mídia, está perto de 5%. A derrota, contudo, não significa o fim do governo e do projeto neoliberal. Para tanto, será preciso radicalizar a pressão social e ampliar as frentes de mobilização popular.

“A resistência é forte e tem no centro o movimento sindical. Até porque, como o golpe possui um viés classista, é natural que a resistência mais forte também traga a marca de classe”, observa Del Roio. O sindicalismo, ele lembra, “tem presença nacional, o que dá peso às suas ações, como foi a greve geral em 28 de abril”.

Ampliar apoios

Mas é preciso fazer mais. “Observe que o golpe, conforme já indicado no documento ‘Uma Ponte para o Futuro’, centra seu ataque nas conquistas trabalhistas e sindicais, para beneficiar o capital e ampliar seus ganhos”, argumenta. Nossa reação, ele comenta, precisa ganhar corpo e ser mais articulada. “Precisamos superar a fragmentação e ampliar apoios”, afirma.

Atento às mudanças na base da sociedade, José Luiz Del Roio defende que o sindicalismo estreite relações com as igrejas. “Setores católicos e do protestantismo tradicional são mais simpáticos às posições dos trabalhadores. Mas existe uma imensa massa de novos protestantes, principalmente nas periferias. Precisamos buscar essas pessoas, conversar e entender seus pontos de vista”, defende.

Saída para a crise

Para o pesquisador Del Roio, a própria elite que apoiou a derrubada de Dilma não sabe como tirar o Brasil da crise. Ele comenta: “A cúpula de apoio a Temer também se fragmenta. Nós devemos reforçar a pressão junto a esses setores, especialmente no Congresso e a partidos da base de sustentação do governo. Pressionar e dialogar”.

O sindicalismo, por tradição, atua na defensiva. Segundo José Luiz Del Roio, não basta. Ele conclui: “Vejo que nos falta um projeto nacional. Com isso, teríamos pauta, agenda e perspectiva de ação”.

O programa “Sindicalismo e conjuntura” com Del Roio pode ser visto, na íntegra no Canal Youtube da Agência Sindical. Clique AQUI e assista.